GENTE DE MEIO AMBIENTE
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
 
Os próximos cem anos, da nanotecnologia ao meio ambiente

          Que lições valiosas o Brasil pode aprender com o Japão e vice-versa? Como pode ser a cooperação entre os dois países na área de inovação e tecnologia? E uma terceira pergunta, subliminar às duas primeiras: o fato de o Brasil ser a nação ocidental com maior número de descendentes nipônicos, com 1,5 milhão de pessoas de ascendência japonesa, não faz com que mereça alguma prioridade em parcerias de negócios? Foi para essas três questões que o Simpósio Brasil-Japão 2008 – Intercâmbio em Economia, Ciência e Inovação Tecnológica, promovido entre 14 e 16 de junho, no Parque Anhembi, em São Paulo, buscou respostas.
           No artigo Os próximos cem anos, dos transportes à energia também em HSM Management Update nº 58, foi analisado o potencial de intercâmbio nas áreas de transportes, energia e economia de modo geral. A seguir, discutese esse potencial nas frentes da nanotecnologia e das tecnologias ambientais
e médicas.

Nanotecnologia

           Megaconstruções, como cidades climatizadas e protegidas por coberturas à prova de catástrofes naturais ou elevadores espaciais para acesso a estações em órbita, são algumas das possibilidades trazidas à tona, ironicamente, pela nanotecnologia, o ramo científico que se dedica à criação de novos materiais em escala atômica. Para o diretor-geral do Centro de Pesquisa de Ciência de Carbonos da Universidade de Shinshu e um dos pioneiros na pesquisa de nanotubos de carbono, Morinobu Endo, os nanotubos de carbono têm leveza e resistência tão altas que permitiriam a implantação de estruturas até então restritas à ficção científica. O material deve revolucionar áreas tão diversas quanto construção civil, eletrônica e medicina. Suas propriedades possibilitariam a fabricação de instrumentos, como agulhas microscópicas capazes de injetar medicamentos diretamente na célula (extremamente úteis no tratamento de tumores) ou nanochips, muito menores e mais eficientes que os de silício usados nos computadores atuais. O desafio dos centros de pesquisa, além de estudarem as aplicações, é tornar a produção do material economicamente viável.
           Os nanotubos, no entanto, representam apenas pequena parcela do alcance da nanotecnologia, como mostrou a apresentação do coordenador do Instituto do Milênio de Materiais e Complexos e professor titular do Instituto de Química da USP, Henrique Eisi Toma. As descobertas recentes apontam para o desenvolvimento de produtos com características surpreendentes, como janelas autolimpantes, tecidos impermeáveis que não amassam e não “pegam” sujeira, compostos reforçados para próteses e polímeros ultra-resistentes. O pesquisador brasileiro estimou um mercado em potencial de mais de 1 trilhão de dólares para o setor nos próximos sete anos.


Tecnologias ambientais

            Entender como a Terra funciona é um dos desafios da Japan Agency for Marine-Earth Science and Technology (Jamstec). Para isso, a instituição conta com alguns dos mais modernos navios de pesquisa, laboratórios e um supercomputador dedicado à simulação de sistemas globais, como clima, correntes marítimas e movimento das placas tectônicas. O diretor do Centro de Simulação da Terra da Jamstec, Tetsuya Sato, explicou que o equipamento vem contribuindo para a compreensão de catástrofes como furacões, terremotos e os efeitos do aquecimento global.
           Localizado em uma área de grande instabilidade, o Japão sofre como poucos países com o perigo de abalos sísmicos. Para conhecer o processo de desenvolvimento dos tremores e, dessa forma, aprender a prever o fenômeno, o Centro para Exploração Profunda da Terra da Jamstec iniciou em 2007 um projeto que prevê a instalação de sensores a profundidades de até 7 mil metros abaixo do leito do mar de Nakai, área com 2,5 mil metros de profundidade oceânica. O trabalho deve durar dez anos e consumir mais de uma centena de milhões de dólares. O trunfo para realizar a façanha faz parte da frota da agência desde 2005: o navio-laboratório Chikyu. A embarcação conta com equipamentos de fazer inveja à Cousteau Society. A perfuratriz, instalada em uma torre de 130 metros de altura, permite escavações em até 10 mil metros de profundidade. A estrutura interna da nave inclui tomógrafo computadorizado, salas para análises química e microbiológica de amostras e uma cabine com blindagem magnética para medições precisas da idade do material coletado.


Tecnologias médicas

            Presidente da Sociedade Mundial de Cirurgiões Cardiotorácicos e professor titular de medicina das universidades de Kanazawa e de Ika, Go Watanabe comandou no simpósio um verdadeiro show de alta tecnologia. Quem esperava uma apresentação puramente médica se surpreendeu com a exibição das mais recentes conquistas high-tech no campo da cirurgia cardíaca.
Durante uma hora, a platéia boquiaberta acompanhou o funcionamento de um sistema robótico para operações do coração, telas de endoscopia com imagens 3D e a realização de intervenções torácicas com anestesia local (o paciente fica consciente durante todo o procedimento). A cirurgia robótica traz vantagens sobre a tradicional. Muito menos invasivo, o processo aplicado no Japão torna desnecessário o corte torácico, substituindo-o por pequenas incisões no lado esquerdo do paciente.
           O sistema de imagens 3D também permite uma visualização de 20% a 30% melhor que nas operações tradicionais. As desvantagens ficam por conta do custo operatório, cerca de oito vezes maior, e da falta de sensação tátil para o médico durante o processo.
            Um dos mais renomados cardiologistas mundiais e diretor-geral do Hospital do Coração em São Paulo, o médico Adib Jatene dividiu o painel com Watanabe. O especialista brasileiro expôs um histórico do desenvolvimento da especialidade no País, que se consolidou ao longo de seis décadas em uma das escolas mais importantes do mundo. “Muitas técnicas inovadoras foram desenvolvidas na América do Sul. Pesquisadores nacionais, como o doutor Zerbini, desenvolveram técnicas pioneiras, hoje adotadas por médicos de todas as nacionalidades.” Entre as tendências da medicina cardíaca, Jatene citou como campos mais promissores a biologia molecular, com a produção de vasos geneticamente modificados, e o aprimoramento de ventrículos eletromecânicos, que podem substituir parte das funções do coração.

Fonte: http://www.hsm.com.br/artigos/os-proximos-cem-anos-da-nanotecnologia-ao-meio-ambiente
 
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Espaço dedicado a assuntos científicos voltados para escola, comunidade, religião (Sim, Religião). Lugar virtual para publicações sobre Meio Ambiente, o qual, talvez, ainda, não seja a prioridade do mundo como um todo, mas ele está na pauta de discussões quando o assunto é futuro da humanidade. Ah! Meu filho também irá me ajudar a postar assuntos que certamente agradarão a todos os gostos e ideias.

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Nascido e criado em Fortaleza, cidade que tanto amo e trabalho por ela. Onde fiz amigos e firmei minhas posições sociais, econômicas, religiosas e culturais. Licenciado em Ciências, com habilitação em Biologia pela Universidade Estadual do Maranhão. Pós-graduando de MBA em Gestão Ambiental. Considero-me um neófito na difícil, até para os poetas, arte de escrever. Iremos postar nossas opniões nas melhores fontes.

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